domingo, 3 de julho de 2016

Semanas Difíceis e Troca de Medicação

Semanas tenebrosas. É o que tenho a dizer sobre as últimas. Não sei se já mencionei aqui sobre a última tentativa de suicídio, hospitalização, lavagem gástrica e o cacete, mas foi terrível.
Essa semana estive na primeira consulta com minha psiquiatra depois disso tudo. 
Me passou agora:
150 mg de Venlafaxina
Rivotril até 6mg
50 mg de Pristiq (desvenlafaxina)
E um remédio do capeta chamado Clorpromazina, que tomei ontem pra dormir e praticamente entrei em coma. Acordei parecendo que estava de ressaca. Espero que isso passe com a continuidade do uso.
Vamos ver como fico com essa troca, já que do jeito que estava não dava mais. Espero que o efeito seja melhor. A intenção é ir diminuindo o Venlift pra substituir de vez pelo Pristiq.
A parte boa é que minha casa na chácara está quase pronta e to bem animada pra mudar de vez. Flores e bichos são tão mais fáceis de lidar do que os humanos... lá é minha bolha, meu refúgio, mesmo que tudo esteja dentro da minha cabeça, lá consigo ser mais EU. E nem menciono a fuga dessa louca roda-viva que é a cidade grande. 
Por hoje é isso. Não to muito inspirada.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Ansiedade e Frustração

Dia terrível hoje. Aliás, dias terríveis na última semana.
Pensamentos recorrentes de suicídio, auto-mutilação a mil e o terror da perícia médica amanhã.
Depois de uma forte recaída meu marido foi chamado ao CAPS para discutir meu tratamento. Resultado: monitoria. Tenho que frequentar o CAPS diariamente a fim de tentar melhorar meu dia-a-dia. As psicólogas são maravilhosas, mas minha psiquiatra deixa muuuito a desejar.
A falta de capacidade de lidar com as diversas situações do cotidiano estão me afetando profundamente. Sentimento de desvalorização, de solidão, de ingratidão, de ser usada, descartada, tolerada apenas... A gente se doa, tenta ajudar pra não se sentir tão invisível. Os dias são sempre iguais. Vontade de dormir pq dormindo não se sente nada. Nem a dor, nem o vazio, nem a rejeição. É difícil lidar com sentimentos enraizados que insistem em nos assombrar. é dificil quem saiba lidar com nossos traumas, nossas oscilações, nossa carência.
É inevitável que por vezes se tenha vontade de sumir do mapa sem deixar vestígios...
Quem sabe?

terça-feira, 19 de abril de 2016

Personalidade Borderline em um Dia de Descontrole!

Acordar bem não é garantia de nada. Pelo menos para os Borderliners e Bipolares. Acordei legal, dormi um tiquinho a mais hoje. Estava bem-humorada, um dia bonito, apesar do calor. Mas como pra mim tudo isso muda num estalar de dedos, tive uma crise de descontrole total à tarde. Entrei naquele redemoinho onde não se enxerga e mais nada e logicamente a consequência disso foi me cortar de novo. O motivo? Não sei. De verdade, não sei. Talvez um acumulado de preocupações e pequenos stresses. Um tanto de melancolia, quilos de saudade, sensação de impotência (taí o pior na minha visão).
Ontem estive no CAPS, dia de grupo de escuta. Já não estava bem, chorei, consegui falar um pouco... Discuti algumas questões com a psicóloga e foi bacana... Sempre defini o ato de me cortar como um alívio externo para a dor interna. Ela acha que tem a ver com controle. EU DECIDO QUANDO VOU SENTIR DOR. Talvez ela esteja certa. Hoje preciso de Rivotril e cama. 
Sem mais, Meritíssimo.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

O Processo de Luto para os Portadores de Transtornos Afetivos e de Personalidade

Viver com um Transtorno como o Bipolar e o Borderline já não é fácil, e torna-se ainda mais difícil quando temos que lidar com perdas. O processo de luto para esses pacientes é muito difícil. Eu, como todo Borderliner, não sei lidar com situações sobre as quais não tenho controle. 
Um mês antes do meu internamento perdi minha sogra, com quem eu convivia há 19 anos. Ela tinha apenas 56 anos, e morreu em decorrência de septicemia, provocada por uma pneumonia que ela sequer sabia que tinha. Foi um choque. Caí por terra, perdi o chão... Por meses não suportava ver familiares sorrindo porque achava que eles não estavam sofrendo. Minha pergunta recorrente era: Por que só eu estou sofrendo?
A questão é que cada um enfrenta o processo de luto à sua maneira. E para os portadores de Transtornos ele se torna muito complicado. É muito difícil e muito mais demorado chegar à fase de aceitação. Mas creia, ela chega. A gente precisa se permitir chorar, sofrer, por tudo pra fora, e não ficar se questionando. Minha psicóloga costumava dizer: Se permita sofrer! 
Essa semana sofri mais uma perda. Um tio, dessa vez. O sentimento de impotência e frustração é muito grande, mas nada comparado ao que atravessei ano passado.



terça-feira, 5 de abril de 2016

Tatuagem: Ponto e Vírgula

Tenho uma tatuagem de ponto e vírgula no pulso direito. Muita gente pergunta o significado. Achei um artigo bem interessante na revista Galileu que fala sobre isso:


Project Semicolon

Não sei você, mas nas minhas voltas pela internet percebi uma popularização de uma tatuagem inusitada: um ponto e vírgula. Investigando a tendência, o pessoal do Upworthy descobriu a história incrível por trás da moda - o The Semicolon Tattoo Project (semicolon é ponto e vírgula em inglês), que nasceu de uma movimentação nas redes sociais em 2013.
É um movimento que, de acordo com os próprios integrantes, 'mostra amor e esperança a quem tem tendências depressivas e suicidas'. Originalmente, pedia que quem se identificasse com esses objetivos desenhasse um ponto e vírgula em algum lugar de seus corpos e compartilhar em redes sociais. Mas por que um ponto e vírgula? "Um ponto e vírgula é usado quando um autor pode terminar uma frase, mas escolhe continuar" - signficado profundo quando aplicado ao projeto.
No ano passado os líderes do projeto, juntamente com um estudo de tatuagem, ofereceram mais de 400 tattoos de ponto e vírgula para quem luta ou já superou problemas psicológicos. 

Ansiedade e Percepção do Mundo - Revista Exame

Quem sofre de ansiedade percebe o mundo de maneira diferente


Não dá para discutir com a ciência: as pessoas não podem ser responsabilizadas por ter doenças mentais.Quem ainda acredita na ideia antiquada de que doenças mentais são coisas “que só existem na cabeça das pessoas” tem mais um motivo para parar de acreditar nesse mito.Segundo um novo estudo da revista Current Biology, quem sofre de ansiedade percebe o mundo de um jeito diferente – e isso se explica por variações no cérebro.Tudo tem a ver com a plasticidade do cérebro, ou a capacidade do órgão de se reorganizar e formar novas conexões.Essas mudanças ditam como a pessoa responde a estímulos, e pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciências, de Israel, descobriram que pessoas diagnosticadas com ansiedade têm menos propensão a distinguir entre estímulos “seguros” ou neutros e estímulos ameaçadores.Os cientistas descobriram que as pessoas que sofrem de ansiedade têm uma plasticidade mais duradoura depois de uma experiência emocional (ou “estímulo”).Isso significa que o cérebro era incapaz de distinguir situações novas e irrelevantes de algo que é familiar e não-ameaçador, resultando em ansiedade.Em outras palavras, as pessoas ansiosas tendem a generalizar demais as experiências emocionais, sejam elas ameaçadoras ou não.Mais importante, observam os pesquisadores, essa reação não é algo que esteja no controle dos indivíduos ansiosos, porque se trata de uma diferença fundamental do cérebro.No estudo, os pesquisadores treinaram os indivíduos a associar três sons específicos com um de três resultados possíveis: perder dinheiro, ganhar dinheiro ou ficar na mesma. Na fase seguinte, os participantes ouviram cerca de 15 tons e identificaram se já tinham ouvido os sons antes ou não.A melhor maneira de “ganhar” o jogo era não confundir ou generalizar os novos sons em relação aos que eles já tinham escutado antes. Os autores descobriram que as pessoas com ansiedade tinham maior propensão a achar que um som novo era uma repetição.A explicação não está em problemas de aprendizado ou de audição – na realidade, algumas pessoas associaram os sons da primeira fase do estudo a uma experiência emocional (ganhar ou perder dinheiro) de maneira diferente de outros participantes do estudo.Os pesquisadores também descobriram que, durante o exercício, as pessoas com ansiedade exibiram diferenças na amídala, a região do cérebro associada ao medo. O resultado pode explicar por que algumas pessoas desenvolvem transtorno de ansiedade e outras, não.“Os traços da ansiedade podem ser completamente normais e até benéficos do ponto de vista da evolução. Mas um evento emocional, mesmo que de pouca importância, pode induzir mudanças no cérebro que podem levar a um transtorno de ansiedade”, disse o pesquisador Rony Paz em um comunicado.A nova pesquisa é um lembrete de que as pessoas não podem ser responsabilizadas por ter doenças mentais; as evidências indicam que a saúde mental tem raízes genéticas e fisiológicas.Um estudo de 2015 descobriu que a ansiedade pode ser hereditária, enquanto outras pesquisas sugerem que a depressão pode ser uma doença inflamatória.Entretanto, apesar de um crescente conjunto de pesquisa, ainda as doenças mentais são cercadas por estigma.Segundo os Centros de Prevenção e Controle de Doenças, órgão do governo americano, apenas 25% das pessoas que sofrem de doença mental acreditam que os outros compreendem suas experiências.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Borderline, Bipolar... Como Lidar Com o Que Machuca?

Já falei aqui que os Borderliners são muito mais suscetíveis a se machucarem. Tanto fisicamente quanto emocionalmente. Uma palavra em um tom diferente causa um enorme sofrimento. E aí vem a mutilação física. 
O essencial para Bipolares e Borderliners é se relacionar com quem entenda seus problemas. Alguém constante emocionalmente e que tenha a irrestrita disposição de te apoiar. 
Pra nós é muito difícil (ou quase impossível) romper laços. Mas há que se considerar o bem estar a médio prazo. Quanto menos contato tivermos com situações de stress melhor. Evite quem te machuca, te magoa, te põe pra baixo, mesmo que involuntariamente. Somos sensíveis demais pra um mundo tão insensível.


Se envolva em novos projetos, crie novas perspectivas. Se reinvente. Mude de casa, de cidade, de telefone. Nada nem ninguém merece um risco na sua pele.
Fácil falar, né? Mas o esforço vale a pena. 
Não há tempestade que dure pra sempre, nem choro que não se acabe.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Estar Assintomático não Significa Cura

Não são só os Bipolares e Borderliners. Muitas pessoas que sofrem de transtornos mentais abandonam o tratamento ao ficarem assintomáticos. Gente, a remissão dos sintomas se dá justamente por causa do tratamento. Deixar as terapia e medicação de lado normalmente trazem recaídas (falo por experiência própria) que podem trazer uma fase muito pior do que a anterior.
Completei essa semana um ano desde a minha internação. Um ano afastada do trabalho, e um ano de muita terapia e medicação. Ainda não estou assintomática, embora esteja passando por um período um pouco mais estável. Mesmo com tudo isso, ontem tive uma crise nervosa daquelas. Ansiedade, agressividade, depressão. Não sabia se queria me matar ou matar alguém. E antes que eu me cortasse de novo, tomei um Rivotril e fui dormir às 7 da noite.
Como já mencionei anteriormente, minha concentração continua inexistente. Nesse um ano tive crises onde só não fui internada novamente porque a psiquiatra do CAPS não é muito a favor de internação, a não ser em casos extremos.

Como eu disse, minha história com a psiquiatria é longa, e já contei aqui como foi minha primeira crise de pânico. Quando fiquei assintomática - depois de uns dois anos de tratamento - deixei a medicação. Passei um período bem, até que veio um gatilho que me derrubou de forma inacreditável. A morte de uma pessoa próxima de forma violenta (assassinato). Cheguei ao local logo após o ocorrido, conversei com a polícia, fui fazer BO, liberação do corpo, ou seja, passei a noite tomando as providências para o sepultamento, já que os pais estavam abalados demais pra isso. 3 ou 4 dias depois veio a conta. Uma fase de pânico onde eu não conseguia comer (anorexia), achava que todos que eu gostava iriam morrer. Tinha medo de atender ao telefone, pavor de ficar dentro de casa. Quase não dormia. Emagreci a níveis pavorosos. Meu marido, como sempre, aguentando o tranco legal. Tentava me fazer comer, saía comigo durante a madrugada pra eu poder respirar, foi se informar sobre Síndrome do Pânico. Ainda não tínhamos filhos nessa época. Foi um período negro que durou meses. Voltei ao psiquiatra, iniciei nova medicação. Mas o efeito foi lento, e eu sofri horrores.


Quando estava em casa ficava na janela, tentando me convencer que o mundo era bem mais do que eu sentia. Morava em um apartamento, e a sensação de claustrofobia era imensa.
Depois veio o pior, que era justamente o medo de sofrer uma crise. Me isolei. O medo das crises são piores do que elas próprias.
Quando finalmente o psiquiatra acertou no ajuste da medicação (psiquiatria não é uma ciência exata) comecei a melhorar. Fui voltando a comer aos poucos, a sair para a casa de familiares. Mas foi um processo lento. Até que aconteceu algo que mudou minha vida... E que farei o relato em outro post...

terça-feira, 29 de março de 2016

Se Gostando!

Uma coisa que costumamos deixar de lado nos momentos mais depressivos é a vaidade. Que, convenhamos, pra nós mulheres é essencial.
Essa semana tomei coragem e fiz o cabelo, que amei. A cor estava muito desigual, fui a um salão de um colorimetrista MARAVILHOSO (Evandro Bueno) que conseguiu deixar meu cabelo amarelo-gema-de-ovo lindamente platinado. E sem danificar.
Quando tomamos medicação controlada o cabelo frequentemente começa a cair, ficar mais seco e fino, e é justamente em um período em que a ultima coisa na qual vamos pensar é nos cuidados com as madeixas. De uns tempos pra cá comecei a tomar o IMECAP HAIR, que acabou de verdade com a queda. Voltei aos cuidados com  a pele também, usando ácido Retinóico, o que já melhorou muito a aparência. Agora comecei a tomar o queridinho Nutricolin, que serve para unhas, pele e cabelo. Além é lógico do gelzinho pro rosto à base de Acido Reinóico e mais 2 componentes potencializadores e clareadores e ainda um filtro solar maravilhoso para pele oleosa que não deixa tudo gordurento. Tudo manipulado pela maravilhosa Pharma D'Oro, em Cândido Mota (moro em Curitiba). O mais legal é que o creme à base de ácido retinóico também é um milagre para estrias.


Uns cuidadinhos tópicos com os cabelos também ajudam. To usando shampoo bomba ( com monovin e bepantol) e Kerastáse para hidratação.
Tudo bem que se o humor não ajuda é difícil, mas uma repaginada no visual ajuda bastante.

quarta-feira, 23 de março de 2016

De Volta...

De volta depois de vários dias sem internet.
Depressão controlada nos últimos dias, mas ansiedade na montanha russa. Horas mais ansiosa, horas menos.
Medicação ainda a mesma, Venlafaxina e Rivotril quando e quanto necessário, porém, muito menos nos últimos dias.
Consegui fazer minha perícia, e tive e prorrogação do afastamento deferida, o que me deixou menos depressiva.
Mas a grande novidade é que devido há algumas circunstancias e possibilidades, vou mudar de casa. Estamos indo para uma chácara na região metropolitana, lugar lindo, tranquilo e cheio de novas possibilidades. Minha psicóloga e assistente social do CAPS estão apoiando bastante, o que é ótimo. acredito de coração que nesse momento é a melhor opção para meu tratamento. Em 3 meses quero estar na casa nova.
Meus filhos estão animados, o que tb é ótimo. Mais espaço, casa maior, jardim, lugar pra brincar e respirar. Estou feliz com a mudança.


Meu sono ainda é uma questão a se tratar. Tenho dormido mal e pouco, mesmo com o benzodiazepínico. O álcool ainda é um assunto a se tratar.
Me animei pra fazer o cabelo amanhã (o que não faço há mais de um ano), e no sábado receberei a visita de uma amiga muito querida.
Tenho tido pesadelos constantes e cada vez mais loucos. Claro que nem tudo são flores, há algumas situações que me causam muita, MUITA ansiedade. Ainda aquela questão de controle... mas tenho trabalhado isso.
No CAPS vou sair do grupo de psicologia para um grupo de escuta, o que acredito ser bastante produtivo. Continuo com psicoterapia individual e terapia ocupacional.
Minha concentração continua a zero, o que é terrível. Até pra escrever está complicado.
Sugeri em assembléia no CAPS que se crie um grupo específico para transtornos de personalidade. Isso faz falta, já que a maioria dos diagnósticos é de esquizofrenia, depressão e transtornos afetivos somente.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Síndrome do Pânico - O Primeiro Diagnóstico




Depois de alguma crises depressivas e de um período de trabalho bastante estressante, um belo dia sinto sensações que me parecem um ataque cardíaco, com taquicardia, falta de ar, sudorese, sensação de desmaio e visão borrada. Isso aconteceu na empresa, e fui prontamente atendida. Depois as mesmas crises começaram a se repetir em ônibus, na rua, em casa...e o que você pensa nessas horas? Vou morrer!!!! Sem contar que comecei a sofrer de anorexia. Não conseguia engolir nada, tentava, colocava a comida na boca, mas não conseguia engolir. Emagreci 14 kg.

Consultei minha médica de confiança que já de cara me disse que eu estava sofrendo de Síndrome do Pânico. Não acreditei. Achei que isso não causasse sintomas físicos, somente psicológicos. Ela então abriu um livro sobre o assunto na parte de "sintomas" e me fez ler. GELEI.

Segue um descritivo de sintomas retirado do site www.minhavida.com.br:

Sintomas de Síndrome do pânico

Ataques de pânico característicos da síndrome geralmente acontecem de repente e sem aviso prévio, em qualquer período do dia e também em qualquer situação, como enquanto a pessoa está dirigindo, fazendo compras no shopping, em meio a uma reunião de trabalho ou até mesmo dormindo.
O pico das crises de pânico geralmente dura cerca de 10 a 20 minutos, mas pode variar dependendo da pessoa e da intensidade do ataque. Além disso, alguns sintomas podem continuar por uma hora ou mais. É bom ficar atento, pois muitas vezes um ataque de pânico pode ser confundido com um ataque cardíaco.
As crises de pânico geralmente manifestam os seguintes sintomas:
  • Sensação de perigo iminente
  • Medo de perder o controle
  • Medo da morte ou de uma tragédia iminente
  • Sentimentos de indiferença
  • Sensação de estar fora da realidade
  • Dormência e formigamento nas mãos, nos pés ou no rosto
  • Palpitações, ritmo cardíaco acelerado e taquicardia
  • Sudorese
  • Tremores
  • Dificuldade para respirar, falta de ar e sufocamento
  • Hiperventilação
  • Calafrios
  • Ondas de calor
  • Náusea
  • Dores abdominais
  • Dores no peito e desconforto
  • Dor de cabeça
  • Tontura
  • Desmaio
  • Sensação de estar com a garganta fechando
  • Dificuldade para engolir
Uma complicação frequente é o medo do medo, ou seja, o medo ter outro ataque de pânico. Esse medo pode ser tão grande que a pessoa, muitas vezes, evitará ao máximo situações em que essas crises poderão ocorrer novamente.
Os ataques de pânico podem alterar o comportamento em casa, na escola ou no trabalho. As pessoas portadoras da síndrome muitas vezes se preocupam com os efeitos de seus ataques de pânico e podem, até mesmo, despertar problemas mais graves, como alcoolismo, depressão e abuso de drogas.

Ela me encaminhou a um psiquiatra, que confirmou o diagnóstico que me receitou Escitalopram e Frontal. No início o Escitalopram me tirava o sono, cheguei a passar 4 dias virada sem dormir. O Frontal me causava uma ressaca absurda. Mas como havia sido alertada que os efeitos colaterais eram transitórios, insisti. Até que o medicamento fizesse efeito (cerca de 20 dias), eu sentia pânico durante a noite, o que fazia com que meu marido me colocasse no carro e rodasse a cidade comigo de madrugada. Eu precisava sair de casa, ver gente, movimento. Ele foi muito paciente. 

Depois do período inicial, o Escitalopram começou a fazer efeito e eu já me sentia outra pessoa. Mas as ressacas com o Frontal continuaram, o que fez com que o psiquiatra o substituísse por Rivotril. Fiquei no céu. Tomei essa medicação por quase três anos, período em que fiquei assintomática, então fomos tirando aos poucos. Eu estava bem.

Então veio a primeira recaída, que já é assunto para outro post...

Dia Complicado...

Não to lá essas coisas hoje não. Não aconteceu absolutamente nada, mas estou extremamente irritada, até as vozes das minhas crianças me irritam. Não posso ouvir "mãe!" que começo a tremer.
Acho que é TPM. Se pra uma pessoa "normal" isso já é difícil, imagina pra uma Borderliner. Os nervos ficam à flor da pele. Tudo o que eu queria hoje era um dia de princesa num hotel, dentro de uma banheira de espuma e esquecer da vida.




Minhas crises de TPM costumam ser bem difíceis, mesmo antes do Transtorno. Viro um demônio. Nada está bom, nada presta. Tudo irrita, agora imagine 3 crianças brigando entre si, aos berros, o dia todo. se deixar mato um. Hoje é dia de tomar uma bem gelada pra me acalmar e tentar não me envolver com as crianças. Nessas horas meu marido faz toda a diferença. Falando em marido, esse caiu mesmo do céu. Dormi cedo ontem, estava caindo de sono e acordei mais tarde com fome. Ele fez o jantar, me trouxe na cama num prato lindo com a comida toda disposta em forma de coração. Ele sempre faz isso.

Pra piorar os vizinhos resolvem queimar não sei o quê, e to morrendo de dor de cabeça por conta da fumaça... Nessas horas tudo "ajuda".

Sei que ainda não estou na idade, mas adoraria entrar logo na menopausa. Me pouparia stress.

Passei o dia tentando me distrair com  crochê, dei uma boa adiantada no que estava meio parado. Não vejo a hora de terminar pra começar alguma outra coisa. Me animo quando começo um trabalho novo.

O que me acalma bastante é minha gata Jezebel, que é um dengo. Me reconhece como mãe (só aparece quando eu chamo, não adianta outro se esgoelar) e parece sentir quando não estou bem, pq fica toda dengosa em busca de carinho. Logo faço um post sobre animais de estimação na vida dos portadores de Transtornos.

Por enquanto é tentar me segurar antes que eu me corte de novo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Dia de CAPS - Terapia Ocupacional

Felizmente continuo bem. Um pouco "acelerada" hoje, acho que meio ansiosa. Mas tomei 1mg de Rivotril pra dar uma compensada.

Dormi bem, mas tive pesadelos horríveis. Sei lá de onde veio tanta coisa medonha. Não sou do tipo que assiste filmes de terror, então só pode ser minha mega criativa cabeça trabalhando enquanto durmo.

Hoje foi dia de CAPS, Terapia Ocupacional, meu amado crochê. Talvez por eu estar me sentindo tão bem tudo fluiu que foi uma beleza. Confesso que acordei com preguiça, mas já falei aqui da importância do CAPS na recuperação e controle dos Transtornos, então me enchi de coragem e fui. Nem vi a hora passar.

Hoje maridão está trabalhando, e apesar de sentir a falta dele em casa, eu me movimento melhor quando ele não está. Parece que a rotina flui melhor, porque não preciso dar atenção à ele. 

Ontem à noite tomei umas cervejas, não exagerei como na maioria das vezes. Sendo o álcool um excelente ansiolítico, normalmente me sinto mais relaxada depois de umas latinhas, mas reconheço que preciso me policiar, porque se sabe que o álcool também é depressor, então preciso evitar o exagero.

E já que estou bem hoje foi um dia que fiz algo que adoro mas que quando estou deprê ou ansiosa demais passa batido... entrei no carro, liguei meu rock bem alto e fui curtindo durante meus deslocamentos (ida e vinda do CAPS e pegar meus filhos na escola). Hoje a rádio estava inspirada e ouvi até B52, que adoro.

Espero que o restante do dia corra leve, pois sei que minha sanidade e bom humor são bastante frágeis. 

Há uns tempos em um exame cardíaco fui diagnosticada com Extra Sístole Ventricular, o que não foi surpresa, já que os sintomas são bem aparentes, e hoje estou sentindo mais taquicardia do que o normal... Não assusta muito, mas incomoda.

Depois vou fazer um post sobre o início dos meus sintomas psiquiátricos e primeiro diagnóstico. 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Música e Transtorno Bipolar e Borderline

Minha intenção aqui é falar dos benefícios da música no dia a dia dos pacientes Bipolares e Borderliners, mas impossível não mencionar alguns astros dessa arte diagnosticados como portadores de Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Bipolar:

Amy Winehouse
Hugh Laurie
Kurt Cobain
Courtney Love
Britney Spears
Demi Lovato
Sinead O'Connor
Amy Lee (Evanescence)

Claro que esses são somente alguns, para citar como exemplo.

Mas vamos ao foco do post. Sou bastante eclética em termos musicais, apesar de ter como preferência o bom e velho Rock'n'Roll. Sou o tipo de pessoa apaixonada por Iron Maiden e AC/DC mas que chora ouvindo Luan Santana. Minha Playlist inclui desde Kiss, Jet, Pearl Jam, passando por Ana Carolina e Sara Bareilles. O que se deve ter cuidado é quando se ouve o quê. Não adianta você estar num dia depressivo e ouvir aquela música triste que lembra teu ex. Põe logo um T.N.T. ou Shut to Thrill bem alto pra desbaratinar. Acha pesado demais? Ouve Lynyrd Skynyrd, que não há deprê que resista. Vale até Gloria Gaynor com seu "I Will Survive". O que não pode é ouvir Adelle num dia em que você já está pra baixo.



Nos dias em que você está bem, bem mesmo, dá pra arriscar ouvir Cassia Eller e Nando Reis ou Sara Bareilles. Eu tinha um colega de trabalho que costumava me dizer: "Música triste é que te deixa feliz". Mas isso era no auge das minhas mágicas fases hipomaníacas. 

Uma banda que costuma ter letras bem depressivas e que ouço bastante é Evanescence. E ouço em todas as minhas fases, porque estranhamente, não só me identifico muito com as músicas, como não me sinto mais deprimida quando as ouço. Talvez por achar que as letras são um espelho de mim mesma. Bem ou mal, sou eu.

Enfim, independente do seu gosto musical, procure adequar o que ouve ao seu estado no momento. A música pode te fazer muito bem ou muito mal, dependendo do que você escolhe ouvir.

Benditas Sejam as Voltas que a Vida dá

Depois de vários dias completamente descompensada, os últimos dois ou três dias têm sido de calmaria. To me sentindo bem, não vou dizer feliz, mas bem. A ansiedade diminuiu e os dias estão correndo mais leves. Não sei bem se há um motivo concreto pra isso, mas sem dúvida a retomada de relações há muito deixadas de lado estão ajudando bastante. Há uma tendência muito forte ao isolamento nas fases depressivas dos portadores de transtornos de personalidade, o que piora bastante a condição. Falar abertamente sobre o assunto e manter as relações afetivas e de amizade ainda são um bom remédio.

As relações familiares e afetivas acabam ficando bastante distantes, principalmente porque as pessoas (mesmo as mais próximas) ainda tem muita resistência em falar com o paciente sobre o transtorno. Não sou muito de levantar bandeiras, mas nesse caso faço sempre o possível pra falar muito abertamente sobre o assunto com quem quer que seja. É minha forma de diminuir o preconceito que ainda permeia as relações com os portadores de transtornos mentais, afetivos ou de personalidade.



Nem todo mundo tem a sorte que eu tenho. Tenho uma família e amigos que me apóiam e tentam entender meu Transtorno. Tenho um marido que possui uma paciência de Jó, que me ama, me apóia, me ajuda com a casa, com os filhos, com as crises e se envolve com o tratamento, estando sempre presente no CAPS para o feedback dos profissionais que me assistem, e o mais importante: entendendo ou não, ele me ouve. Senta para ouvir em detalhes como foi cada ida à terapia, à consulta, como foi meu dia, como estou me sentindo. e quando a única coisa que consigo fazer é chorar ele me dá colo e deixa que eu chore até cansar.

Sendo os relacionamentos afetivos o foco de transtornos como Bipolaridade e Personalidade Limítrofe, a atenção e o carinho dispensados ao paciente faz TODA a diferença. É muito confortante pra mim quando as pessoas tentam se informar sobre o TPL pra me entender melhor. Meu marido tem acompanhado minhas postagens assiduamente, e antes disso vivia fuçando a internet em busca de informações que pudessem ajudá-lo no entendimento da minha doença.

Falando em "minha doença", não se pode esquecer que a própria conscientização é o passo mais importante. Quando a gente reconhece que possui um Transtorno e aceita o tratamento, já andou metade do caminho.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Personalidade Borderline - Sem Censura - Ana Beatriz Silva - Corações De...

O Dia a Dia em um Hospital Psiquiátrico







Apesar de muitos anos de tratamento contra Transtornos de ansiedade, Síndrome do Pânico e Transtorno Bipolar, sempre me mantive bem controlada somente com medicação.
Minha condição se agravou quando após sofrer horrores com assédio moral na empresa onde eu trabalhava (ou trabalho, porque estou afastada por conta da doença), perdi minha sogra de apenas 56 anos por negligência médica. Me vi no olho do furacão. Vieram a depressão e auto-mutilação constantes, apesar da medicação. Em um dia de muito stress tive um ataque nervoso em pleno trabalho, o que levou meu marido a me conduzir até uma consulta de emergência no Hospital Psiquiátrico Bom Retiro, único local com pronto atendimento psiquiátrico disponível. 
Após a consulta a médica de plantão recomendou a internação. Vale ressaltar que eu não era obrigada a aceitar, mas reconheci que naquele momento eu era um risco pra mim e para as outras pessoas.

Pois foi feito. Retiram todos os objetos como jóias, relógios e principalmente celulares - o que eu acho um horror, porque a falta de comunicação com o mundo acaba gerando ainda mais ansiedade. Eu, sendo paciente de convênio fiquei na ala particular, que é dividida em 2 pavilhões: masculino e feminino. São poucos pacientes, cerca de 30 em cada uma. O volume maior está nas alas do SUS. Quartos com banheiro, uma boa sala de TV e bom material para leitura. Apenas um telefone público para o hospital inteiro, com filas quilométricas, que só pode ser usado das 7:30 às 19:00h, por apenas 3 minutos, horário em que as alas estão abertas e a circulação é livre. Os pacientes do SUS e da ala particular circulam livremente no pátio, podendo interagir entre si. No SUS normalmente há os pacientes mais crônicos, com alguns casos de pessoas que estão lá há anos.

A comida é razoável para a ala particular/convênio, com café da manhã às 7:30, almoço às 11:00, lanche da tarde às 15:00, jantar às 18h e ainda tem um chazinho com bolo às 20:30.

Não se pode usar maquiagem, jóias, aparelhos eletrônicos, roupas ou calçados com cordões ou cadarços. Cada paciente tem um armário ao estilo armário de vestiário, com cadeado, onde se pode guardar as roupas e objetos de higiene pessoal. Dispomos de secadores de cabelo e um pequeno aparelho de som, que pode ser usado em horários determinados. TV somente até às 22h. Não é permitido fumar.

A enfermagem lá é fantástica, depois que você adquire a confiança delas pode-se ter algum acesso a pinça, lixa de unha, papel e caneta.

Temos atividades de música, palestras com voluntários (que eu particularmente adorava, pois cada um pode falar um pouco de si e seus problemas), há o SAE - serviço de assistência espiritual que funciona em 2 horários todos os dias.

Consulta com o psiquiatra temos 1x por semana, 2x com a psicóloga, 2x terapia ocupacional, sendo que em uma delas há o espaço de "auto-cuidados", onde se pode fazer as unhas com supervisão.

As visitas são 3x por semana, sendo que em dois desses dias há o atendimento do familiar pela psicologia, explicando a evolução do paciente.

A alta não pode ser pedida pelo paciente, somente pelo responsável pelo internamento, que no meu caso, foi meu marido (chamada de alta pedida) onde se perde os direitos de continuação do tratamento fora do hospital e laudo para o INSS.

A alta médica (dada pelo hospital) envolve os atestados, laudos, prontuários e encaminhamento para o tratamento em "regime aberto".

A grande maioria das internas da minha época era de depressivas e bipolares (a maioria suicida) com poucos casos de dependência química ou alcoolismo. Muitas estavam lá pela segunda, terceira, ou até oitava vez. Há também quem saia e não necessite de retorno.

Minhas fontes de distração nos horários livres eram TV, livros e crochê, que após ganhar a confiança da assistente social obtive o direito de fazer, mas somente diante do posto de enfermagem.

Há ainda um quarto de contenção, para os pacientes que oferecem risco a si ou aos outros. Sim, vi pacientes serem contidas, amarradas, sedadas.... mas para seu próprio bem, e tudo é feito com muito cuidado.

Foi o mês mais longo de minha vida.... longe do meu marido, meus filhos, meus amigos... Mas precisava disso. Não que eu não tenha recaído feio depois, mas isso já é outra história...



CAPS - CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Desde que deixei de ser a paciente 420798 do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, sou paciente do CAPS II, que hoje frequento 3x por semana e sou assistida por psicólogas, psiquiatra e assistente social.  A rotina da semana é uma sessão de terapia individual, uma de terapia em grupo e uma de terapia ocupacional, que no meu caso escolhi o crochê, atividade pela qual me apaixonei há quatro anos quando tive meu terceiro filho.





O atendimento do CAPS tem sido decisivo para minha evolução. O tratamento não acaba junto com o fim do internamento, pelo contrário, está apenas começando.

O CAPS (ou mesmo as clínicas dia) se faz decisivo no sentido em que, além do tratamento profissional, se tem a oportunidade de convívio com pessoas cujos sintomas, angústias e dificuldades são muito semelhantes entre si, o que até certo ponto nos tira do deserto da doença. Você não é o único, você não está só. É um espaço para ouvir e ser ouvido, e ao tentar interpretar as angústias do outro, você acaba por reconhecer um pouco das próprias. Lá se percebe (assim como no internamento) que nem sempre a grama do vizinho é mais verde, e que na maioria das vezes há muitas pessoas como a gente: sem grama nenhuma.

Os dias mais depressivos são os mais difíceis para a frequência no CAPS. É complicado levantar e sair de casa quando você sequer gostaria de ter acordado. Mas é justamente nesses momentos que mais precisamos dessa ajuda. Vale o esforço.

Para ter acesso ao CAPS, o paciente não necessita obrigatoriamente ter passado pela internação. Ao consultar um, psiquiatra  ele poderá indicar o CAPS como referência para o tratamento.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Convívio Social e Familiar dos Portadores de TAB e TPL

Conviver com um Bipolar é pisar em ovos, mas com um Borderliner vai do céu ao inferno em segundos, assim como suas emoções.
Os portadores de Transtorno de Personalidade Limítrofe sentem as emoções muito mais à flor da pele. Certa vez ouvi de uma psiquiatra que se a pele nos protege dos ferimentos e da dor, pode-se dizer que o Borderliner não possui "pele emocional". Está sempre em carne viva. Sente uma necessidade fora do comum de ser aceito, ser querido, de ter atenção, e muitas vezes isso acaba por sufocar quem convive com o paciente. O Borderliner deposita muitas expectativas nas pessoas com quem convive, principalmente nas relações afetivas, o que acaba por lhe trazer imensa frustração, já que dificilmente a pessoa alvo dessas expectativas consegue satisfazê-las em tal medida.
Isso acaba gerando um ciclo vicioso, já que sem suas expectativas correspondidas o Borderliner explode em surtos de raiva, depressão, tentativas de suicídio e auto-mutilação.


O sentimento de vazio também é sintoma recorrente de TAB e TPL. Parece que sempre falta algo, mesmo que tudo pareça bem. Mesmo com relações estáveis e situação financeira equilibrada, uma linda família... sempre há um vazio interno que parece não poder ser preenchido.


Só quem sente este "buraco interior" sabe do que estou falando. É como estar só no meio do deserto, sem bússola, sem GPS, mesmo estando rodeado de pessoas. Ninguém nos intende. Você às vezes tenta se abrir, explicar o que esta sentindo, mas é como tentar explicar uma cor a um cego.

Esqueça os livros de auto-ajuda. Procure leitura e filmes com os quais você se identifique.

 - GAROTA INTERROMPIDA é um excelente filme para pacientes Borderliners. Angelina Jolie está fantástica como portadora de TPL.
 - CLARICE LISPECTOR, de um modo geral, não há como não se identificar. Na minha opinião ela era Bipolar e muitas de suas frases expõe bem isso:


"Às vezes eu tenho vontade de ser menos intensa, só pra poder entender como o resto do mundo aguenta essas coisas que me devoram permanentemente e de uma forma tão absurda."




"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calma e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre"

Características da Personalidade Borderline



Indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline se caracterizam especialmente por sofrerem grande instabilidade emocional, desregulação afetiva excessiva, sentimentos intensos e polarizados do tipo “tudo ótimo e tudo péssimo” ou “eu te adoro e eu te odeio”, angústia de abandono, percepção de invasão do self, entre outros, que não raro geram comportamentos impulsivos perigosos sendo comum a presença recorrente de atos autolesivos, tentativas de suicídio e sentimentos profundos de vazio e tédio. O início do transtorno pode ocorrer na adolescência ou na idade adulta e o uso dos recursos de saúde e saúde mental é expressivo nesses pacientes.
Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline são verdadeiros vulcões prontos a explodir a qualquer instante. Elas apresentam alterações súbitas e expressivas de humor e suas relações interpessoais são intensas e instáveis sendo muito difícil o convívio próximo com elas.
Elas temem o abandono real ou temido, com frequência vivenciam sentimento crônico de vazio e reação pungente ao estresse, protagonizando sucessivas ameaças (ou tentativas) de suicídio e automutilação. O modus operandi desses pacientes traz um sofrimento enorme tanto para si próprios como para os que com eles convivem. Uma só palavra mal colocada, uma situação inesperada sem relevância ou uma leve frustração pode levar o borderline a um acesso de raiva e ódio que duram em média poucas horas. Outra característica importante é que o borderline nem sempre sabe lidar com o êxito. É comum que eles abandonem ou destruam seus alvos e metas justo quando a perspectiva de consegui-las é real e próxima.
Veja abaixo os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (DSM-V, na sigla inglesa) para que um paciente seja diagnosticado com Transtorno de Personalidade Borderline:
  • Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginário
  • Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização
  • Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo
  • Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar)
  • Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante
  • Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade do humor (disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias)
  • Sentimentos crônicos de vazio
  • Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes)
  • Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.
Fonte: www.minhavida.com.br

Dia de Psicoterapia

Logicamente minha história como paciente psiquiátrica começou há muito, muito tempo. Mas Isso vou contando aos poucos. Meu diagnóstico atual é Transtorno Afetivo Bipolar e Transtorno de personalidade limítrofe, ou Borderline. Medicação atual: 225mg de Venlafaxina e até 5 mg de Rivotril, além de um ati-psicótico para conter os impulsos de auto-mutilação.

Hoje a consulta com a psicóloga foi particularmente difícil. Venho de uma semana de muita ansiedade e pensamento recorrente de suicídio. Não que eu já não tivesse isso antes, mas estava um pouco controlada depois da minha "temporada de férias" no Hospital Psiquiátrico. Mantenho uma carta pronta pra o caso de eu levar mesmo a cabo minhas idéias.

Não uso drogas ilícitas, mas o álcool tem sido uma constante pra aguentar a ansiedade. E logicamente um maço de cigarros por dia.

Mesmo estando nesse estado, passei por uma fase beeeem negra antes de mudar minha medicação. Estava com Topiramato e Bupropiona junto com a venlafaxina. Deprimi horrores, não saída da cama. Hoje o vilão maior é essa ansiedade louca que não me permite sentar a bunda numa poltrona e ler um bom livro ou assistir a um filme bacana. Minha capacidade de concentração ficam muito prejudicadas e não consigo começar nem terminar nada. Amo ler, mas isso tem se mostrado impossível. Sem falar da paranóia que acompanha dia e noite. Ninguém pode falar nada num tom mais sério que ja me sinto rejeitada, insultada.

Pra falar bem a verdade sinto falta dos tempos só de bipolar, nas fases hipomaníacas. Vivia feliz, animada. Nunca tive problemas com a hipomania. Queria ela comigo o resto da vida.

Há dias atrás andei me cortando de novo. Gilete. Tenho tantas cicatrizes que nem da pra contar. Uma frustraçãozinha ou stress e lá corro eu me retalhar novamente.

Hoje o dia está mais ou menos. Ansiedade, claro, mas ainda não to subindo pelas paredes. Só meio que uma sensação de vazio, sei lá.


É assim que fico depois das crises. Fora os braços, que também não escapam. Em outro momento posto as minhas fotos. Sei que é de assustar mas quem passa por isso sabe como a gente se sente. A dor interna é tão grande que você que causar outra maior pra esquecer. e depois se frustra porque não teve auto-controle. Mas sobre auto-controle, achei uma imagem que define muito bem: