Desde que deixei de ser a paciente 420798 do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, sou paciente do CAPS II, que hoje frequento 3x por semana e sou assistida por psicólogas, psiquiatra e assistente social. A rotina da semana é uma sessão de terapia individual, uma de terapia em grupo e uma de terapia ocupacional, que no meu caso escolhi o crochê, atividade pela qual me apaixonei há quatro anos quando tive meu terceiro filho.
O atendimento do CAPS tem sido decisivo para minha evolução. O tratamento não acaba junto com o fim do internamento, pelo contrário, está apenas começando.
O CAPS (ou mesmo as clínicas dia) se faz decisivo no sentido em que, além do tratamento profissional, se tem a oportunidade de convívio com pessoas cujos sintomas, angústias e dificuldades são muito semelhantes entre si, o que até certo ponto nos tira do deserto da doença. Você não é o único, você não está só. É um espaço para ouvir e ser ouvido, e ao tentar interpretar as angústias do outro, você acaba por reconhecer um pouco das próprias. Lá se percebe (assim como no internamento) que nem sempre a grama do vizinho é mais verde, e que na maioria das vezes há muitas pessoas como a gente: sem grama nenhuma.
Os dias mais depressivos são os mais difíceis para a frequência no CAPS. É complicado levantar e sair de casa quando você sequer gostaria de ter acordado. Mas é justamente nesses momentos que mais precisamos dessa ajuda. Vale o esforço.
Para ter acesso ao CAPS, o paciente não necessita obrigatoriamente ter passado pela internação. Ao consultar um, psiquiatra ele poderá indicar o CAPS como referência para o tratamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário