sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Síndrome do Pânico - O Primeiro Diagnóstico




Depois de alguma crises depressivas e de um período de trabalho bastante estressante, um belo dia sinto sensações que me parecem um ataque cardíaco, com taquicardia, falta de ar, sudorese, sensação de desmaio e visão borrada. Isso aconteceu na empresa, e fui prontamente atendida. Depois as mesmas crises começaram a se repetir em ônibus, na rua, em casa...e o que você pensa nessas horas? Vou morrer!!!! Sem contar que comecei a sofrer de anorexia. Não conseguia engolir nada, tentava, colocava a comida na boca, mas não conseguia engolir. Emagreci 14 kg.

Consultei minha médica de confiança que já de cara me disse que eu estava sofrendo de Síndrome do Pânico. Não acreditei. Achei que isso não causasse sintomas físicos, somente psicológicos. Ela então abriu um livro sobre o assunto na parte de "sintomas" e me fez ler. GELEI.

Segue um descritivo de sintomas retirado do site www.minhavida.com.br:

Sintomas de Síndrome do pânico

Ataques de pânico característicos da síndrome geralmente acontecem de repente e sem aviso prévio, em qualquer período do dia e também em qualquer situação, como enquanto a pessoa está dirigindo, fazendo compras no shopping, em meio a uma reunião de trabalho ou até mesmo dormindo.
O pico das crises de pânico geralmente dura cerca de 10 a 20 minutos, mas pode variar dependendo da pessoa e da intensidade do ataque. Além disso, alguns sintomas podem continuar por uma hora ou mais. É bom ficar atento, pois muitas vezes um ataque de pânico pode ser confundido com um ataque cardíaco.
As crises de pânico geralmente manifestam os seguintes sintomas:
  • Sensação de perigo iminente
  • Medo de perder o controle
  • Medo da morte ou de uma tragédia iminente
  • Sentimentos de indiferença
  • Sensação de estar fora da realidade
  • Dormência e formigamento nas mãos, nos pés ou no rosto
  • Palpitações, ritmo cardíaco acelerado e taquicardia
  • Sudorese
  • Tremores
  • Dificuldade para respirar, falta de ar e sufocamento
  • Hiperventilação
  • Calafrios
  • Ondas de calor
  • Náusea
  • Dores abdominais
  • Dores no peito e desconforto
  • Dor de cabeça
  • Tontura
  • Desmaio
  • Sensação de estar com a garganta fechando
  • Dificuldade para engolir
Uma complicação frequente é o medo do medo, ou seja, o medo ter outro ataque de pânico. Esse medo pode ser tão grande que a pessoa, muitas vezes, evitará ao máximo situações em que essas crises poderão ocorrer novamente.
Os ataques de pânico podem alterar o comportamento em casa, na escola ou no trabalho. As pessoas portadoras da síndrome muitas vezes se preocupam com os efeitos de seus ataques de pânico e podem, até mesmo, despertar problemas mais graves, como alcoolismo, depressão e abuso de drogas.

Ela me encaminhou a um psiquiatra, que confirmou o diagnóstico que me receitou Escitalopram e Frontal. No início o Escitalopram me tirava o sono, cheguei a passar 4 dias virada sem dormir. O Frontal me causava uma ressaca absurda. Mas como havia sido alertada que os efeitos colaterais eram transitórios, insisti. Até que o medicamento fizesse efeito (cerca de 20 dias), eu sentia pânico durante a noite, o que fazia com que meu marido me colocasse no carro e rodasse a cidade comigo de madrugada. Eu precisava sair de casa, ver gente, movimento. Ele foi muito paciente. 

Depois do período inicial, o Escitalopram começou a fazer efeito e eu já me sentia outra pessoa. Mas as ressacas com o Frontal continuaram, o que fez com que o psiquiatra o substituísse por Rivotril. Fiquei no céu. Tomei essa medicação por quase três anos, período em que fiquei assintomática, então fomos tirando aos poucos. Eu estava bem.

Então veio a primeira recaída, que já é assunto para outro post...

Dia Complicado...

Não to lá essas coisas hoje não. Não aconteceu absolutamente nada, mas estou extremamente irritada, até as vozes das minhas crianças me irritam. Não posso ouvir "mãe!" que começo a tremer.
Acho que é TPM. Se pra uma pessoa "normal" isso já é difícil, imagina pra uma Borderliner. Os nervos ficam à flor da pele. Tudo o que eu queria hoje era um dia de princesa num hotel, dentro de uma banheira de espuma e esquecer da vida.




Minhas crises de TPM costumam ser bem difíceis, mesmo antes do Transtorno. Viro um demônio. Nada está bom, nada presta. Tudo irrita, agora imagine 3 crianças brigando entre si, aos berros, o dia todo. se deixar mato um. Hoje é dia de tomar uma bem gelada pra me acalmar e tentar não me envolver com as crianças. Nessas horas meu marido faz toda a diferença. Falando em marido, esse caiu mesmo do céu. Dormi cedo ontem, estava caindo de sono e acordei mais tarde com fome. Ele fez o jantar, me trouxe na cama num prato lindo com a comida toda disposta em forma de coração. Ele sempre faz isso.

Pra piorar os vizinhos resolvem queimar não sei o quê, e to morrendo de dor de cabeça por conta da fumaça... Nessas horas tudo "ajuda".

Sei que ainda não estou na idade, mas adoraria entrar logo na menopausa. Me pouparia stress.

Passei o dia tentando me distrair com  crochê, dei uma boa adiantada no que estava meio parado. Não vejo a hora de terminar pra começar alguma outra coisa. Me animo quando começo um trabalho novo.

O que me acalma bastante é minha gata Jezebel, que é um dengo. Me reconhece como mãe (só aparece quando eu chamo, não adianta outro se esgoelar) e parece sentir quando não estou bem, pq fica toda dengosa em busca de carinho. Logo faço um post sobre animais de estimação na vida dos portadores de Transtornos.

Por enquanto é tentar me segurar antes que eu me corte de novo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Dia de CAPS - Terapia Ocupacional

Felizmente continuo bem. Um pouco "acelerada" hoje, acho que meio ansiosa. Mas tomei 1mg de Rivotril pra dar uma compensada.

Dormi bem, mas tive pesadelos horríveis. Sei lá de onde veio tanta coisa medonha. Não sou do tipo que assiste filmes de terror, então só pode ser minha mega criativa cabeça trabalhando enquanto durmo.

Hoje foi dia de CAPS, Terapia Ocupacional, meu amado crochê. Talvez por eu estar me sentindo tão bem tudo fluiu que foi uma beleza. Confesso que acordei com preguiça, mas já falei aqui da importância do CAPS na recuperação e controle dos Transtornos, então me enchi de coragem e fui. Nem vi a hora passar.

Hoje maridão está trabalhando, e apesar de sentir a falta dele em casa, eu me movimento melhor quando ele não está. Parece que a rotina flui melhor, porque não preciso dar atenção à ele. 

Ontem à noite tomei umas cervejas, não exagerei como na maioria das vezes. Sendo o álcool um excelente ansiolítico, normalmente me sinto mais relaxada depois de umas latinhas, mas reconheço que preciso me policiar, porque se sabe que o álcool também é depressor, então preciso evitar o exagero.

E já que estou bem hoje foi um dia que fiz algo que adoro mas que quando estou deprê ou ansiosa demais passa batido... entrei no carro, liguei meu rock bem alto e fui curtindo durante meus deslocamentos (ida e vinda do CAPS e pegar meus filhos na escola). Hoje a rádio estava inspirada e ouvi até B52, que adoro.

Espero que o restante do dia corra leve, pois sei que minha sanidade e bom humor são bastante frágeis. 

Há uns tempos em um exame cardíaco fui diagnosticada com Extra Sístole Ventricular, o que não foi surpresa, já que os sintomas são bem aparentes, e hoje estou sentindo mais taquicardia do que o normal... Não assusta muito, mas incomoda.

Depois vou fazer um post sobre o início dos meus sintomas psiquiátricos e primeiro diagnóstico. 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Música e Transtorno Bipolar e Borderline

Minha intenção aqui é falar dos benefícios da música no dia a dia dos pacientes Bipolares e Borderliners, mas impossível não mencionar alguns astros dessa arte diagnosticados como portadores de Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Bipolar:

Amy Winehouse
Hugh Laurie
Kurt Cobain
Courtney Love
Britney Spears
Demi Lovato
Sinead O'Connor
Amy Lee (Evanescence)

Claro que esses são somente alguns, para citar como exemplo.

Mas vamos ao foco do post. Sou bastante eclética em termos musicais, apesar de ter como preferência o bom e velho Rock'n'Roll. Sou o tipo de pessoa apaixonada por Iron Maiden e AC/DC mas que chora ouvindo Luan Santana. Minha Playlist inclui desde Kiss, Jet, Pearl Jam, passando por Ana Carolina e Sara Bareilles. O que se deve ter cuidado é quando se ouve o quê. Não adianta você estar num dia depressivo e ouvir aquela música triste que lembra teu ex. Põe logo um T.N.T. ou Shut to Thrill bem alto pra desbaratinar. Acha pesado demais? Ouve Lynyrd Skynyrd, que não há deprê que resista. Vale até Gloria Gaynor com seu "I Will Survive". O que não pode é ouvir Adelle num dia em que você já está pra baixo.



Nos dias em que você está bem, bem mesmo, dá pra arriscar ouvir Cassia Eller e Nando Reis ou Sara Bareilles. Eu tinha um colega de trabalho que costumava me dizer: "Música triste é que te deixa feliz". Mas isso era no auge das minhas mágicas fases hipomaníacas. 

Uma banda que costuma ter letras bem depressivas e que ouço bastante é Evanescence. E ouço em todas as minhas fases, porque estranhamente, não só me identifico muito com as músicas, como não me sinto mais deprimida quando as ouço. Talvez por achar que as letras são um espelho de mim mesma. Bem ou mal, sou eu.

Enfim, independente do seu gosto musical, procure adequar o que ouve ao seu estado no momento. A música pode te fazer muito bem ou muito mal, dependendo do que você escolhe ouvir.

Benditas Sejam as Voltas que a Vida dá

Depois de vários dias completamente descompensada, os últimos dois ou três dias têm sido de calmaria. To me sentindo bem, não vou dizer feliz, mas bem. A ansiedade diminuiu e os dias estão correndo mais leves. Não sei bem se há um motivo concreto pra isso, mas sem dúvida a retomada de relações há muito deixadas de lado estão ajudando bastante. Há uma tendência muito forte ao isolamento nas fases depressivas dos portadores de transtornos de personalidade, o que piora bastante a condição. Falar abertamente sobre o assunto e manter as relações afetivas e de amizade ainda são um bom remédio.

As relações familiares e afetivas acabam ficando bastante distantes, principalmente porque as pessoas (mesmo as mais próximas) ainda tem muita resistência em falar com o paciente sobre o transtorno. Não sou muito de levantar bandeiras, mas nesse caso faço sempre o possível pra falar muito abertamente sobre o assunto com quem quer que seja. É minha forma de diminuir o preconceito que ainda permeia as relações com os portadores de transtornos mentais, afetivos ou de personalidade.



Nem todo mundo tem a sorte que eu tenho. Tenho uma família e amigos que me apóiam e tentam entender meu Transtorno. Tenho um marido que possui uma paciência de Jó, que me ama, me apóia, me ajuda com a casa, com os filhos, com as crises e se envolve com o tratamento, estando sempre presente no CAPS para o feedback dos profissionais que me assistem, e o mais importante: entendendo ou não, ele me ouve. Senta para ouvir em detalhes como foi cada ida à terapia, à consulta, como foi meu dia, como estou me sentindo. e quando a única coisa que consigo fazer é chorar ele me dá colo e deixa que eu chore até cansar.

Sendo os relacionamentos afetivos o foco de transtornos como Bipolaridade e Personalidade Limítrofe, a atenção e o carinho dispensados ao paciente faz TODA a diferença. É muito confortante pra mim quando as pessoas tentam se informar sobre o TPL pra me entender melhor. Meu marido tem acompanhado minhas postagens assiduamente, e antes disso vivia fuçando a internet em busca de informações que pudessem ajudá-lo no entendimento da minha doença.

Falando em "minha doença", não se pode esquecer que a própria conscientização é o passo mais importante. Quando a gente reconhece que possui um Transtorno e aceita o tratamento, já andou metade do caminho.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Personalidade Borderline - Sem Censura - Ana Beatriz Silva - Corações De...

O Dia a Dia em um Hospital Psiquiátrico







Apesar de muitos anos de tratamento contra Transtornos de ansiedade, Síndrome do Pânico e Transtorno Bipolar, sempre me mantive bem controlada somente com medicação.
Minha condição se agravou quando após sofrer horrores com assédio moral na empresa onde eu trabalhava (ou trabalho, porque estou afastada por conta da doença), perdi minha sogra de apenas 56 anos por negligência médica. Me vi no olho do furacão. Vieram a depressão e auto-mutilação constantes, apesar da medicação. Em um dia de muito stress tive um ataque nervoso em pleno trabalho, o que levou meu marido a me conduzir até uma consulta de emergência no Hospital Psiquiátrico Bom Retiro, único local com pronto atendimento psiquiátrico disponível. 
Após a consulta a médica de plantão recomendou a internação. Vale ressaltar que eu não era obrigada a aceitar, mas reconheci que naquele momento eu era um risco pra mim e para as outras pessoas.

Pois foi feito. Retiram todos os objetos como jóias, relógios e principalmente celulares - o que eu acho um horror, porque a falta de comunicação com o mundo acaba gerando ainda mais ansiedade. Eu, sendo paciente de convênio fiquei na ala particular, que é dividida em 2 pavilhões: masculino e feminino. São poucos pacientes, cerca de 30 em cada uma. O volume maior está nas alas do SUS. Quartos com banheiro, uma boa sala de TV e bom material para leitura. Apenas um telefone público para o hospital inteiro, com filas quilométricas, que só pode ser usado das 7:30 às 19:00h, por apenas 3 minutos, horário em que as alas estão abertas e a circulação é livre. Os pacientes do SUS e da ala particular circulam livremente no pátio, podendo interagir entre si. No SUS normalmente há os pacientes mais crônicos, com alguns casos de pessoas que estão lá há anos.

A comida é razoável para a ala particular/convênio, com café da manhã às 7:30, almoço às 11:00, lanche da tarde às 15:00, jantar às 18h e ainda tem um chazinho com bolo às 20:30.

Não se pode usar maquiagem, jóias, aparelhos eletrônicos, roupas ou calçados com cordões ou cadarços. Cada paciente tem um armário ao estilo armário de vestiário, com cadeado, onde se pode guardar as roupas e objetos de higiene pessoal. Dispomos de secadores de cabelo e um pequeno aparelho de som, que pode ser usado em horários determinados. TV somente até às 22h. Não é permitido fumar.

A enfermagem lá é fantástica, depois que você adquire a confiança delas pode-se ter algum acesso a pinça, lixa de unha, papel e caneta.

Temos atividades de música, palestras com voluntários (que eu particularmente adorava, pois cada um pode falar um pouco de si e seus problemas), há o SAE - serviço de assistência espiritual que funciona em 2 horários todos os dias.

Consulta com o psiquiatra temos 1x por semana, 2x com a psicóloga, 2x terapia ocupacional, sendo que em uma delas há o espaço de "auto-cuidados", onde se pode fazer as unhas com supervisão.

As visitas são 3x por semana, sendo que em dois desses dias há o atendimento do familiar pela psicologia, explicando a evolução do paciente.

A alta não pode ser pedida pelo paciente, somente pelo responsável pelo internamento, que no meu caso, foi meu marido (chamada de alta pedida) onde se perde os direitos de continuação do tratamento fora do hospital e laudo para o INSS.

A alta médica (dada pelo hospital) envolve os atestados, laudos, prontuários e encaminhamento para o tratamento em "regime aberto".

A grande maioria das internas da minha época era de depressivas e bipolares (a maioria suicida) com poucos casos de dependência química ou alcoolismo. Muitas estavam lá pela segunda, terceira, ou até oitava vez. Há também quem saia e não necessite de retorno.

Minhas fontes de distração nos horários livres eram TV, livros e crochê, que após ganhar a confiança da assistente social obtive o direito de fazer, mas somente diante do posto de enfermagem.

Há ainda um quarto de contenção, para os pacientes que oferecem risco a si ou aos outros. Sim, vi pacientes serem contidas, amarradas, sedadas.... mas para seu próprio bem, e tudo é feito com muito cuidado.

Foi o mês mais longo de minha vida.... longe do meu marido, meus filhos, meus amigos... Mas precisava disso. Não que eu não tenha recaído feio depois, mas isso já é outra história...



CAPS - CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Desde que deixei de ser a paciente 420798 do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, sou paciente do CAPS II, que hoje frequento 3x por semana e sou assistida por psicólogas, psiquiatra e assistente social.  A rotina da semana é uma sessão de terapia individual, uma de terapia em grupo e uma de terapia ocupacional, que no meu caso escolhi o crochê, atividade pela qual me apaixonei há quatro anos quando tive meu terceiro filho.





O atendimento do CAPS tem sido decisivo para minha evolução. O tratamento não acaba junto com o fim do internamento, pelo contrário, está apenas começando.

O CAPS (ou mesmo as clínicas dia) se faz decisivo no sentido em que, além do tratamento profissional, se tem a oportunidade de convívio com pessoas cujos sintomas, angústias e dificuldades são muito semelhantes entre si, o que até certo ponto nos tira do deserto da doença. Você não é o único, você não está só. É um espaço para ouvir e ser ouvido, e ao tentar interpretar as angústias do outro, você acaba por reconhecer um pouco das próprias. Lá se percebe (assim como no internamento) que nem sempre a grama do vizinho é mais verde, e que na maioria das vezes há muitas pessoas como a gente: sem grama nenhuma.

Os dias mais depressivos são os mais difíceis para a frequência no CAPS. É complicado levantar e sair de casa quando você sequer gostaria de ter acordado. Mas é justamente nesses momentos que mais precisamos dessa ajuda. Vale o esforço.

Para ter acesso ao CAPS, o paciente não necessita obrigatoriamente ter passado pela internação. Ao consultar um, psiquiatra  ele poderá indicar o CAPS como referência para o tratamento.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Convívio Social e Familiar dos Portadores de TAB e TPL

Conviver com um Bipolar é pisar em ovos, mas com um Borderliner vai do céu ao inferno em segundos, assim como suas emoções.
Os portadores de Transtorno de Personalidade Limítrofe sentem as emoções muito mais à flor da pele. Certa vez ouvi de uma psiquiatra que se a pele nos protege dos ferimentos e da dor, pode-se dizer que o Borderliner não possui "pele emocional". Está sempre em carne viva. Sente uma necessidade fora do comum de ser aceito, ser querido, de ter atenção, e muitas vezes isso acaba por sufocar quem convive com o paciente. O Borderliner deposita muitas expectativas nas pessoas com quem convive, principalmente nas relações afetivas, o que acaba por lhe trazer imensa frustração, já que dificilmente a pessoa alvo dessas expectativas consegue satisfazê-las em tal medida.
Isso acaba gerando um ciclo vicioso, já que sem suas expectativas correspondidas o Borderliner explode em surtos de raiva, depressão, tentativas de suicídio e auto-mutilação.


O sentimento de vazio também é sintoma recorrente de TAB e TPL. Parece que sempre falta algo, mesmo que tudo pareça bem. Mesmo com relações estáveis e situação financeira equilibrada, uma linda família... sempre há um vazio interno que parece não poder ser preenchido.


Só quem sente este "buraco interior" sabe do que estou falando. É como estar só no meio do deserto, sem bússola, sem GPS, mesmo estando rodeado de pessoas. Ninguém nos intende. Você às vezes tenta se abrir, explicar o que esta sentindo, mas é como tentar explicar uma cor a um cego.

Esqueça os livros de auto-ajuda. Procure leitura e filmes com os quais você se identifique.

 - GAROTA INTERROMPIDA é um excelente filme para pacientes Borderliners. Angelina Jolie está fantástica como portadora de TPL.
 - CLARICE LISPECTOR, de um modo geral, não há como não se identificar. Na minha opinião ela era Bipolar e muitas de suas frases expõe bem isso:


"Às vezes eu tenho vontade de ser menos intensa, só pra poder entender como o resto do mundo aguenta essas coisas que me devoram permanentemente e de uma forma tão absurda."




"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calma e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre"

Características da Personalidade Borderline



Indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline se caracterizam especialmente por sofrerem grande instabilidade emocional, desregulação afetiva excessiva, sentimentos intensos e polarizados do tipo “tudo ótimo e tudo péssimo” ou “eu te adoro e eu te odeio”, angústia de abandono, percepção de invasão do self, entre outros, que não raro geram comportamentos impulsivos perigosos sendo comum a presença recorrente de atos autolesivos, tentativas de suicídio e sentimentos profundos de vazio e tédio. O início do transtorno pode ocorrer na adolescência ou na idade adulta e o uso dos recursos de saúde e saúde mental é expressivo nesses pacientes.
Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline são verdadeiros vulcões prontos a explodir a qualquer instante. Elas apresentam alterações súbitas e expressivas de humor e suas relações interpessoais são intensas e instáveis sendo muito difícil o convívio próximo com elas.
Elas temem o abandono real ou temido, com frequência vivenciam sentimento crônico de vazio e reação pungente ao estresse, protagonizando sucessivas ameaças (ou tentativas) de suicídio e automutilação. O modus operandi desses pacientes traz um sofrimento enorme tanto para si próprios como para os que com eles convivem. Uma só palavra mal colocada, uma situação inesperada sem relevância ou uma leve frustração pode levar o borderline a um acesso de raiva e ódio que duram em média poucas horas. Outra característica importante é que o borderline nem sempre sabe lidar com o êxito. É comum que eles abandonem ou destruam seus alvos e metas justo quando a perspectiva de consegui-las é real e próxima.
Veja abaixo os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (DSM-V, na sigla inglesa) para que um paciente seja diagnosticado com Transtorno de Personalidade Borderline:
  • Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginário
  • Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização
  • Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo
  • Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar)
  • Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante
  • Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade do humor (disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias)
  • Sentimentos crônicos de vazio
  • Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes)
  • Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.
Fonte: www.minhavida.com.br

Dia de Psicoterapia

Logicamente minha história como paciente psiquiátrica começou há muito, muito tempo. Mas Isso vou contando aos poucos. Meu diagnóstico atual é Transtorno Afetivo Bipolar e Transtorno de personalidade limítrofe, ou Borderline. Medicação atual: 225mg de Venlafaxina e até 5 mg de Rivotril, além de um ati-psicótico para conter os impulsos de auto-mutilação.

Hoje a consulta com a psicóloga foi particularmente difícil. Venho de uma semana de muita ansiedade e pensamento recorrente de suicídio. Não que eu já não tivesse isso antes, mas estava um pouco controlada depois da minha "temporada de férias" no Hospital Psiquiátrico. Mantenho uma carta pronta pra o caso de eu levar mesmo a cabo minhas idéias.

Não uso drogas ilícitas, mas o álcool tem sido uma constante pra aguentar a ansiedade. E logicamente um maço de cigarros por dia.

Mesmo estando nesse estado, passei por uma fase beeeem negra antes de mudar minha medicação. Estava com Topiramato e Bupropiona junto com a venlafaxina. Deprimi horrores, não saída da cama. Hoje o vilão maior é essa ansiedade louca que não me permite sentar a bunda numa poltrona e ler um bom livro ou assistir a um filme bacana. Minha capacidade de concentração ficam muito prejudicadas e não consigo começar nem terminar nada. Amo ler, mas isso tem se mostrado impossível. Sem falar da paranóia que acompanha dia e noite. Ninguém pode falar nada num tom mais sério que ja me sinto rejeitada, insultada.

Pra falar bem a verdade sinto falta dos tempos só de bipolar, nas fases hipomaníacas. Vivia feliz, animada. Nunca tive problemas com a hipomania. Queria ela comigo o resto da vida.

Há dias atrás andei me cortando de novo. Gilete. Tenho tantas cicatrizes que nem da pra contar. Uma frustraçãozinha ou stress e lá corro eu me retalhar novamente.

Hoje o dia está mais ou menos. Ansiedade, claro, mas ainda não to subindo pelas paredes. Só meio que uma sensação de vazio, sei lá.


É assim que fico depois das crises. Fora os braços, que também não escapam. Em outro momento posto as minhas fotos. Sei que é de assustar mas quem passa por isso sabe como a gente se sente. A dor interna é tão grande que você que causar outra maior pra esquecer. e depois se frustra porque não teve auto-controle. Mas sobre auto-controle, achei uma imagem que define muito bem: