segunda-feira, 10 de abril de 2017

Na lona

Quando criei o Blog o fiz com o intuito de mostrar a outros Borders que não estão sós e assim tentar ajudar um pouco. Mas hoje preciso admitir que preciso de ajuda urgente. Estou emocionalmente no fundo do poço. Não tenho ido ao CAPS, pois devo confessar que não me adaptei bem ao da nogva Cidade. Não gosto dos profissionais, não me identifico. 

Preciso muito encontrar em Curitiba um bom psiquiatra que seja experiente nesse tipo de transtorno, o que é muito difícil. Estou me fechando cada vez mais, os impulsos auto-destrutivos estão voltando a passos largos.

Não tenho vontade de sair da cama, e ou tenho insônia ou só quero dormir... Não estou vivendo, estou existindo. Sei que preciso reagir mas dessa vez está complicado demais.


13 Reasons Why - Porque não Assistir

Ok. Como portadora de Transtorno de Personalidade Borderliner acaba aqui minha curiosidade. Peço aos seguidores do meu Blog que não assistam 13 REASONS WHY, POR FAVOR. Lutamos diariamente pra permanecer razoavelmente sãos. NÃO PRECISAMOS DE MAIS GATILHOS.

Segue publicação de PAULO VILAÇA no Facebook:

Em 23 anos de carreira, nunca recomendei seriamente aos leitores que deixassem de assistir a algo. Por mais que eu deteste uma obra, não acho que seja uma função do crítico dizer o que o leitor deve ou não ver - e, além disso, acredito que aprendemos sobre linguagem mesmo com os filmes ruins (nem que seja pelo contra-exemplo).
No entanto, chegou a hora de abrir uma exceção e é isto que farei agora. Não porque a produção em questão seja narrativamente medíocre (embora ela seja, como aponto na crítica), mas porque é simplesmente perigosa.
Estou falando de Os 13 Porquês, projeto da Netflix.
Não repetirei aqui tudo o que falei em meu texto sobre a série e no qual explico porque a considero perigosa e acredito que, mesmo com boas intenções, tem um potencial imenso de desequilibrar aqueles que estão lutando para manter o próprio balanço. (Se tiver interesse em ler, a crítica está em http://cinemaemcena.com.br/critica/…/8367/os-13-porqu%C3%AAs).
Numa campanha de marketing inteligente (e, de novo, que pode até ser bem intencionada), a Netflix fez uma parceria de divulgação com o CVV-Centro de Valorização da Vida, cuja importância já discuti neste espaço várias vezes. No entanto, acho extremamente cínica a postura da plataforma de usar o aumento das ligações ao CVV como "comprovação" de que Os 13 Porquês exerce um efeito inquestionavelmente positivo.
Em primeiro lugar, é ÓBVIO que as ligações aumentariam: este é o efeito esperado de QUALQUER campanha de divulgação. Em segundo lugar, as ligações comprovam também algo que venho afirmando desde o princípio: que Os 13 Porquês tem um imenso potencial para disparar gatilhos.
Irresponsável em sua abordagem (de novo: discuto na crítica) e ao encenar com detalhes o suicídio de Hannah, a série vai de encontro a várias das recomendações feitas pela própria OMS quanto à forma com que o suicídio deve ser tratado pela mídia.
E, infelizmente, os efeitos negativos do projeto já podem ser inferidos na prática. Em minha timeline no Twitter, por exemplo, diversos psicólogos registraram uma preocupação com a reação de pacientes à série (é só conferir minhas mentions em @pablovillaca), o mesmo se aplicando a professores do ensino médio. Ainda mais trágica foi a notícia do suicídio de uma jovem cujo último post no Facebook informava justamente estar assistindo a 13 Porquês. (Obviamente, não vou mencionar seu nome ou as circunstâncias específicas, mas confirmei a informação depois de alertado por um leitor amigo da família.) É claro que apenas o fato de estar assistindo à série antes de se matar não é algo que estabeleça relação causal, mas é sugestivo - especialmente se considerarmos a força já estabelecida do Efeito Werther (se alguém quiser saber mais sobre a origem do termo, sugiro este artigo https://t.co/WACwOenqLU).
E é por isso que abro a exceção mencionada no início deste artigo e, como alguém que já escreve há anos sobre depressão neste e em outros espaços, sugiro enfaticamente aos leitores que lidam com a doença que NÃO assistam a Os 13 Porquês.
Se você viu a produção e extraiu dela boas lições, ótimo; mas seja responsável e alerte as pessoas que lidam com a depressão crônica para o fato de que ela dispara muitos gatilhos.
A ideação suicida já é, por si só, suficientemente nociva; reforçá-la com narrativas maniqueístas e irresponsáveis é algo não só desaconselhável, mas também perigoso.
Fiquem bem, mantenham os pés no chão e lembrem-se: a ajuda está a um clique ou a um número de telefone de distância: www.cvv.org.br ou 141.
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ATUALIZAÇÃO (EM 09/04/2017, ÀS 15H48):
As centenas de depoimentos presentes nos comentários abaixo comprovam que a preocupação com os efeitos da série sobre quem sofre de depressão encontra respaldo na prática. Negar isso seria negar a coragem de todos aqueles que se expuseram nos comentários enquanto relatavam suas histórias e suas próprias experiências com a série.
No entanto, há quem ainda assim prefira se concentrar na academia e em estudos sobre o tema; acho compreensível, pois também tenho um fraco pela Ciência. ;)
Assim, para contemplar estes últimos, decidi incluir as referências abaixo. Se você não tem interesse pelos estudos (analíticos ou descritivos) sobre o tema, apenas ignore o restante deste post, que trará referências acadêmicas específicas:
Um dos artigos mais citados em estudos do tipo, por exemplo, é "The impact of suicide in television movies. Evidence of imitation." (GOULD, MS; SHAFFER, D.), que analisou estatisticamente a incidência de suicídios entre adolescentes antes e após a exibição na tevê de filmes que traziam personagens se matando, comprovando, para além da possibilidade de aleatoriedade estatística, uma relação causal entre ambos.
(Este estudo, por sinal, foi publicado no The New England Journal of Medicine.)
Outro estudo relativo ao efeito Werther é "Clustering of teenage suicides after television news stories about suicide." (PHILLIPS, DP, CARSTENSEN, LL), que, embora parta da análise da influência de notícias sobre suicídios, também aborda o possível impacto entre histórias envolvendo suicídios e aumento de ideação suicida - e correlações estatísticas foram encontradas em ambos os casos.
É possível, porém, argumentar que os estudos anteriores datam da década de 80 e que, portanto, podem não refletir o mundo contemporâneo. Ok, seria um argumento válido.
Assim, recomendo o estudo "Exposure to Suicide Movies and Suicide Attempts." (STACK, Steven; KRAL, Michael; BOROWSKI, Teresa), publicado em 2014. Neste estudo, os autores avaliaram não só a exposição de adolescentes a filmes que retratavam o estudo, mas tiveram o cuidado de incluir controles importantíssimos como religião, histórico de depressão e outros aspectos demográficos.
O achado deste estudo? "Uma análise de regressão logística multivariada determinou que, já incluindo outros fatores de controle, para cada EXPOSIÇÃO ADICIONAL A UM FILME (QUE RETRATA O SUICÍDIO) O RISCO DE TENTATIVA DE SUICÍDIO AUMENTAVA EM 47,6%". Agora o elemento mais importante do estudo: a variável recorrente empregada no estudo foi "tentativa anterior de suicídio".
Em outras palavras: EXATAMENTE o grupo que alertei para o risco de assistir à série.
Para finalizar, recomendo também o estudo "Suicide and the entertainment media" (PIRKIS, Jane; BLOOD, Warwick). O que este estudo em particular tem de curioso é o fato de que se concentrou na tarefa de quantificar e avaliar os achados de dezenas de outros estudos sobre o tema para definir se havia alguma consistência entre eles. (Este estudo é de 2010; portanto, não considera o que citei logo acima, que veio quatro anos depois.)
Para isso, eles consultaram TODOS os estudos publicados nas seguintes bases desde o momento de sua criação até a data da análise (2010): MEDLINE, PSYCHLIT, COMMUNICATION ABSTRACTS, ERIC, DISSERTATION ABSTRACTS e APAIS. Eles avaliaram também, além da influência de filmes, a de séries para a TV, de músicas e de peças de teatro. Eles levaram em consideração as metodologias de CADA estudo, sua natureza (descritiva ou analítica), e conferiram pesos a pontos como consistência, temporalidade, especificidade e coerência. Ao todo, avaliaram quase 50 estudos: 27 sobre filmes e séries; 19 sobre música e o único encontrado sobre teatro. A conclusão: "Estudos adicionais são necessários, mas "há evidências da associação entre a representação de suicídio na MÍDIA DE ENTRETENIMENTO e comportamento suicida real".
Agora, MESMO depois de todas estas evidências, é claro que alguém pode dizer "Mas não há uma comprovação definitiva, 'apenas' a (forte) indicação da existência de uma correlação!".
E minha resposta seria: isto já é o suficiente para adotar a atitude de alertar aqueles que sofrem de depressão para o perigo em potencial de 13 Porquês. A vida é preciosa demais para esperar comprovações "definitivas".
Abraços,
Pablo
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ATUALIZAÇÃO 2 (em 09/04, às 21h25):
Quero recomendar dois textos adicionais: um do site The Mighty (https://themighty.com/…/thirteen-reasons-why-jay-asher-sui…/) e outro escrito pelo psiquiatra brasileiro Luís Fernando Tófoli: https://www.facebook.com/lftofoli/photos/a.337423276451452.1073741828.159217847605330/647490008778109/?type=3&theater

quinta-feira, 9 de março de 2017

Apatia - Morte em vida

Apatia: estado de alma não suscetível de comoção ou interesse; insensibilidade, indiferença.





Borders estão acostumados à oscilações frequentes de humor. Rompantes de fúria, euforia, depressão e, como estou me sentindo hoje: um poço de apatia.
Impossível se concentrar no quer que seja. Impossível formar pensamentos coerentes. Você não quer ouvir, não quer falar, não quer fazer nada... Absolutamente nada importa. 

Diferente do famoso SENTIMENTO CRÔNICO DE VAZIO que tanto acomete portadores do TPB e que causa tanto sofrimento, a apatia vem com apenas uma vontade: dormir ou não fazer nada. Ficar (como diria o Pastor Claudio Duarte) na caixa do nada. 

Hoje eu só queria ficar em meio ao silêncio sem falar, ouvir ou ver. Uma boa forma de testar a apatia é se imaginar como único ganhador da Mega Sena. Ainda assim, você não sentiria absolutamente nada.
Ontem estava triste, deprê mesmo, sentindo o excesso de rotina me corroer... Hoje tanto faz. A sensação que tenho é de estar em uma dimensão paralela, onde tudo está congelado. Nada se vê, ouve ou sente. Seria um bom dia pra um Rivotril e um longo sono, já que é a forma mais rápida e fácil pra se desligar de verdade.
Não tenho vontade de comer, beber, fumar ou fazer minhas atividades habituais, quero me fechar dentro de mim e jogar a chave fora. 

In My field of paper flowers
And candy clouds of lullaby
I lie inside miself for hours
And watch my purple sky fly over me
(Imaginary - Evanescence)


sexta-feira, 3 de março de 2017

Monique Evans Fala Sobre o Transtorno Borderline


Vídeo Sobre Borderline

Borderliners, filhos, rotina...

É, faz um tempo. Mudei pra uma chácara onde a internet é praticamente inexistente, fica difícil postar. O lugar me faz bem, mas não posso negar que tenho oscilado demais, sentido demais, dormido de menos... Agora me aparece uma enxaqueca que persiste as 24h do dia todos os dias da semana. Não está fácil.
Com 3 filhos - como já devo ter dito aqui, com 11, 9 e 5 anos - a sanidade fica cada vez mais longe.
Tive muitas recaídas, me cortei muito, chorei muito... Estou em uma fase onde não sei exatamente o que faço da vida, se é que faço algo. A boa notícia é que resolvi fazer outra faculdade, e apesar do fato de que só eu estou empolgada, fico satisfeita com o novo desafio.
Medicação passou por fluoxetina e agora voltou pra Bupropiona e Topiramato. Consegui reduzir  o Rivotril pra somente 2 mg ao dia. 
Meu marido está em um trabalho onde só vem pra casa 1 ou duas vezes por semana, além dos fds, o que aumentou em muito minha responsabilidade de stress com casa e filhos.
Então vou levando, um dia de cada vez.  Tentando lidar com situações que me tiram ainda mais o chão, como a ação que movo na Justiça Federal para receber o benefício a que tenho direito.

A boa notícia é que está se falando cada vez mais sobre esse transtorno. Tenho amado o grupo no face: Jeito Borderline de Ser - O Grupo. Ótimo para a troca de experiências.